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Pinheiro - O símbolo do Paraná

  • Foto do escritor: GEPPC
    GEPPC
  • 10 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

Pinheiro - O símbolo do Paraná

Iconografia paranaense



Por Rebeca Salin*


Alma da Floresta, Lange de Morretes (1927-1930). Óleo sobre tela: color; 285 x 245 cm. Assembléia Legislativa do Paraná, Curitiba. FOTO: Luis Afonso Salturi.



Desde muito cedo tive contato com livros, revistas, e diversas formas de arte que carregam a história do Paraná. Tão cedo quanto, desenvolvi um carinho imenso sobre o Estado que chamava de berço e lar, porém, não conseguia responder quem eu era dentro deste lar: “o que é o Paraná?”, “quem é o paranaense?”, “quem ou o que nos representa?”. A geopolítica nunca foi suficiente para responder essas perguntas. Não para mim.


Depois de alguns anos pude iniciar pesquisas que enfim responderiam essas indagações de forma clara para mim. Encontrei as respostas que procurava naquilo que sempre esteve ao meu alcance. As respostas estavam na arte.


Quando estudamos sobre algo ou alguém, a história deste é contada a partir do seu nascimento, por que com o Paraná haveria de ser diferente?


Dei início à pesquisa a partir de seu nascimento em 1853, quando houve a emancipação política do Estado de São Paulo, e curiosamente recebeu o título de “Celeiro do Brasil”, título recebido pelo historiador Temístocles, em função de suas características demográficas. Tais características protagonizam em telas de diversos artistas paranistas, mas não deve ser esquecido que para a criação e entendimento de todo o cenário, além de questões demográficas, se faz necessário resgatar e recordar das origens do Paraná a memória e legado dos moradores da região, aqueles que prepararam a terra, que receberam famílias de colonos, aqueles que fizeram o cotidiano paranaense se tornar o que é, que nos deram as características sutis e únicas, as quais não encontramos em decretos assinados mas que são partes tão importantes quanto, estas são os costumes que ainda vivenciamos nos dias de hoje, que acabam por se mesclar como uma ideia de “senso comum” regional.


No final do século XIX já era possível identificar alguns ícones como símbolos paranaenses, porém a Arte Paranaense teve seu ápice durante o período que ficou conhecido como Movimento Paranista.


O Movimento Paranista surgiu no início do século XX, mais precisamente nos meados da década de 20, em busca dos avanços e de sua representação cultural, se apresentando principalmente nas artes plásticas, em suas formas e cores. Mas afinal de contas, o quem é o Paranista? Resumidamente, todos que moram em solo paranaense e de alguma forma contribuíram com essas terras, são paranistas, e, no quesito artístico, durante esse período alguns nomes se destacam, como Frederico Langue de Morretes, João Turin, e Alfredo Andersen. Antes do que ficou conhecido como o Movimento Paranista, o Paraná teve outros artistas que representaram sua paisagem em telas, como o Debret, o primeiro pintor da paisagem paranaense.


Então, mesmo sendo antecessor ao Movimento Paranista, podemos considerar, com base na definição de “paranista” de Romário Martins, que Debret também foi um, pois contribuiu para a história e arte do Paraná tanto quanto seus sucessores.


Os artistas do movimento paranista buscavam representar em suas artes o cotidiano e a paisagem paranaense, com temas e ícones que despertavam um sentimento de pertencimento, e assim colaboraram para a criação, ou fixação da cultura regional.


A história do Paraná pode ser lida através da arte, a partir do momento que conseguimos identificar alguns ícones paranaenses como a erva-mate e o pinheiro, por exemplo, pois estes carregam a identidade do Paraná uma vez que são nativos da região fazendo parte do cotidiano de seus habitantes (tanto na paisagem quanto em suas diversas formas de consumo), e também contribuíram ativamente por um longo período sendo a base econômica do Estado.


O Movimento Paranista contou com esses elementos e com determinados artistas, para que o Paraná tivesse sua identidade reafirmada através da arte.


Em diversas obras o pinheiro, a pinha e o pinhão, principalmente, são representados como símbolos paranaenses com maior protagonismo que o mate. Alfredo Andersen representou tantas vezes a paisagem paranaense em suas telas, e Lange de Morretes customizou e registrou estes símbolos em diversos pontos do Estado do Paraná, na arquitetura de casarões e calçadas da capital.


O pinheiro, assim como o mate, poderia ser facilmente associado aos outros Estados do Sul do país, contudo, este se tornou o ícone paranaense mais evidente, possivelmente isso se deva ao impulso de exportação do pinheiro com a Primeira Guerra Mundial. Durante este período a madeira do pinheiro foi a principal base econômica do Estado, e o pinheiro passou a ser conhecido por quem importava sua madeira como a “árvore do Paraná”.


Mesmo que nossa economia não tenha mais nada a ver com a indústria madeireira e o pinheiro, a imagem do mesmo é reforçada cotidianamente em nossas paisagens naturais, urbanas e em nossa culinária, se tornando assim o maior ícone do Estado do Paraná. O paranaense é quem nasceu nestas terras, o paranista é quem contribuiu ou contribui na construção e manutenção de costumes e arte do cotidiano paranaense, o símbolo do Paraná é o Pinheiro.



 

*Rebeca Salin é historiadora graduada pela PUCPR, atualmente realiza pesquisas sobre história da arte e cultura regional.


 
 
 

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